segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Nicolau Maquiavel: o cidadão sem Fortuna, o intelectual de Virtù




1. AS DESAVENTURAS DE UM FLORENTINO
·         Maquiavel nasceu em Florença em 03 de maio de 1469 – Itália.
·         Filho de pai advogado e estudioso renascentista foi incentivado ao estudo humanístico.
·         Aos 12 anos já redigia texto em latim e dominava a retórica Greco-romana.
·         Exerceu cargo de destaque na política, sendo deposto com a chegada do Médicis ao poder.
·         Em 1513 foi preso, torturado e condenado a pagar multa pesada, sob o pretexto de conspiração contra os Médicis.
·         Por diversas vezes buscou retornar ao cargo político que exercia, mas foi lhe negado.
·         Isolado e morando numa pequena propriedade da família se dedicou ao estudo dos clássicos e protagonizou uma nova proposta de estudo da política, tendo a realidade como foco nos seus estudos.
·         Os “resultados de seus estudos lhe renderam as obras: “o príncipe”; “a arte da guerra”; história de Florença”.
·         Mesmo com a queda dos Médicis do poder em 1527, Maquiavel não conseguiu retornar a vida pública, pois, foi taxado pelo movimento que chegou ao poder como alguém que tinha ligações com os tiranos.
·         Desgostoso adoece e morre em junho do mesmo.

2. A VERDADE EFETIVA DAS COISAS
·         O foco do estudo de Maquiavel é o Estado. Não melhor Estado, mas o real. Sua preocupação não foi em apresentar um projeto de um Estado perfeito e sim descrever o Estado real.
·         Assim o pensador rejeita toda a tradição política da Antiguidade e Medievalidade. Substituiu o reino do “DEVER SER” (marcado pela filosofia) pelo reino do “SER” – realidade.
·         Seu ponto de partida e de chegada é a realidade concreta – “a verdade efetiva das coisas”.
·         Sua proposta metodologia objetivava descobrir como resolver o inevitável ciclo de estabilidade e caos na relação Estado e sociedade.
·         A ordem, que é conseqüência da estabilidade, não é resultado de um processo natural, nem a materialização de uma ordem extraterrena, nem resultado do jogo do acaso.
·         A ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita.
·         A política é resultado de feixes de forças, proveniente das ações concretas dos homens em sociedade, ainda que nem todas as suas facetas venham do reino da racionalidade e sejam de imediato reconhecíveis.
·         A política segue uma lógica própria regida por mecanismos distintos dos que norteiam a vida privada.
·         A compreensão só é possível por um estudo tendo como foco a realidade concreta de onde esses fenômenos acontecem.


3. NATUREZA HUMANA E HISTÓRIA
·         O foco na realidade leva o pensador ao estudo dos homens, já que são eles que compõem o Estado.
·         Sobre os homens Maquiavel diz ser de natureza imutável. Daí afirmar que os homens são ingratos, volúveis, simuladores, covardes, etc.
·         Essa imutabilidade da natureza humana faz com que os fatos do passado se repitam no presente mudando somente os sujeitos.
·         O estudo do presente leva ao entendimento que são repetições. Maquiavel conclui que a história é cíclica, repete-se indefinitivamente, já que não há meios absolutos para “domesticar” a natureza humana.
·         Assim a ordem sucede a desordem e esta, por sua vez, clama por uma nova ordem.
·         Não há garantia de sua permanência. A perversidade das paixões humanas sempre volta a se manifestar, mesmo que tenha permanecido oculta por algum tempo.

4. ANARQUIA X PRINCIPADO E REPÚBLICA
·         A instabilidade é apresentada como sendo a regra devido a natureza humana.
·         Na relação Estado e sociedade dois grupos de interesses antagônicos vivem em constante confrontos. O opressor busca criar todos os mecanismos para validar seus interesses (interesses próprios). Os oprimidos buscam mecanismos para resistir a opressão (liberdade).
·         Não se trata de grupo vitorioso e outro vencido, mas de interesses antagônicos que sempre estarão existente nessa relação Estado e sociedade.
·         A política tem função de encontrar mecanismos que imponham a estabilidade das relações, que sustentem uma determinada correlação de forças.
·         Para Maquiavel existem duas respostas ao problema da desordem (caos/ anarquia) que é a regra: O PRINCIPADO E A REPÚBLICA.
·         Em sociedade com império da anarquia (caos) é necessário um príncipe (não ditador) com função de restabelecer a ordem e fundar o Estado.
·         Após a sociedade encontrar o equilíbrio, o poder político do príncipe cumpriu sua função regeneradora e educada, assim poderá ser instaurado a República.
·         Na República as instituições são estáveis e contemplam a dinâmica das relações sociais.
·         O Principado é governo de transição entre a Anarquia e a República.

5. VIRTÚ X FORTUNA
·         A Virtù está relacionada à capacidade do príncipe em fazer leitura realista da política. Deve ter claro entendimento que a política é meio necessária para garantir a estabilidade social.
·         A virtù também envolve as estratégias que o príncipe cria para chegar e permanecer no poder. Todas as estratégias deverão atender seus interesses.
·         Já a fortuna é apresentada por Maquiavel como uma espécie de sorte, de destino que acompanha o príncipe. Além da virtù deve ser agraciado com incidentes que lhe favoreçam.
·         A fortuna, segundo Maquiavel, é atraída pela virtù.

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