segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A PRESENÇA MISSIONÁRIA EM TERRAS INDIGENAS


Os povos indígenas do Brasil vem se defrontando com a ação missionária cristã proselitista, desde a chegada dos europeus nestas terras.

Nos quatro primeiros séculos, padres católicos (primeiramente os jesuítas, depois os capuchinhos), se fizeram presentes entre os indígenas no intuito de convertê-los a fé cristã. A partir do início do século XX, as áreas indígenas foram invadidas por novos atores, os missionários evangélicos, com um objetivo de se aprofundar na cultura nativa para poder em seguida levá-los a uma nova experiência religiosa (ABREU, 2007). 

Esse modelo religioso tem dividido opiniões entre os estudiosos e militantes da causa indígena.

Os linguistas têm se posicionado terminantemente contra a presença missionária em áreas indígenas por entenderem que essa ação provoca o etnocídio dessas sociedades (ABREU, 2007).

Já os antropólogos, compartilham da opinião dos efeitos nefastos dos séculos de ação religiosa tentando compreender a ação num contexto civilizatório. Ferreira (2001) por exemplo, nomeia esses séculos de catequese em terras indígenas de “etnocídio da história brasileira com catequese a serviço do aniquilamento cultural no Brasil” (p.72), devido a presença missionária ignorar os costumes e tradições nativas e tentar estabelecer regras diferentes das que eram de praxe pelos indígenas, levando-os a morte cultural. Wright (1999 & 2004) por sua vez, busca compreender quais as conseqüências que esse proselitismo têm causado as sociedades tribais, questionando como doutrinas totalmente discrepantes daquelas tradicionalmente aceitas pelos indígenas, conseguem ser ouvidas e admitidas pelas populações atingidas, levantando a discussão sobre as maneiras como esses preceitos cristãos são percebidos por esses indígenas. 

Mesmo com o dissenso entre os pesquisadores sobre a presença missionária em terras indígenas, não se pode negar o longo período que esses povos mantiveram e mantem contato com missionários em suas terras, situação que levou a mudanças substanciais na organização sócio-cultural de tais sociedades.

Não é minha intenção fazer apologia a uma corrente de opinião, mas mostrar que independentemente da opinião de pesquisadores, num levantamento histórico de comunidades indígenas, a presença missionária fez ou faz parte da realidade de muitas etnias. 

FONTES CITADAS
1. ABREU, Joniel Vieira de. A evangelização missionária e a percepção Indígena entre os kaxwyana: aldeia do Cafezal no rio Nhamundá. Universidade Federal do Pará – UFPA/ Campus de Santarém. Departamento de Antropologia e Etnologia, fevereiro de 2007;
2. FERREIRA, Mariana Kawal Leal. A Educação Escolar Indígena: Um diagnóstico crítico da situação no Brasil. In: SILVA, Araci Lopes da; FERREIRA, Mariana Kawal Leal (Orgs). Antropologia, História e Educação. São Paulo: Global, 2001;
3. WRIHT, Robin (Org.). Transformando os Deuses. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1999. 
4. ___________________. Transformando os Deuses: Igrejas Evangélicas, Pentecostais e Neopentecostais entre os povos indígenas no Brasil. Vol II. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2004



POR: JONIEL ABREU
E-mail: jonielabreu@hotmail.com

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