sexta-feira, 29 de novembro de 2013

FEDERALIZAÇÃO DAS VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS




A organização do assunto foi feita com base no Artigo Federalização das violações de direitos humanos de autoria do Professor Vladimir Brega Filho.


1. DEFINIÇÃO
- Entende-se por Federalização dos crimes envolvendo direitos humanos, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal com fundamento no Art. 109, §5º da Constituição Federal, após a Emenda nº 45;

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.


2. FUNDAMENTO DOUTRINÁRIO
- O professor Vladimir Brega Filho fundamenta-se em quatro argumentos para validar doutrinariamente o instituto da Federalização dos crimes envolvendo direitos humanos.
·         Os tratados internacionais de direitos humanos são assinados no plano internacional pelo Presidente da República (chefe do poder executivo), representado a Republica Federativa do Brasil (União). O instituto da federalização fundamenta-se em dar ao ente responsável pelo cumprimento dos tratados de direitos humanos a oportunidade de reprimir e responsabilizar os autores quando os estados membros não forem capazes de fazê-lo;
·         O deslocamento de competência é instrumento subsidiário para garantir a efetividade dos direitos humanos. Nesse caso só justifica-se o deslocamento de competência por ineficiência do estado membro em punir as violações aos direitos humanos;
·         O instituto da federalização possibilita a vítima mais um caminho em busca de ver responsabilizado e punidos os autores das violações dos direitos humanos. Nesse caso se tem a disposição da vítima a Procuradoria Geral da República e os órgãos federais;
·         A federalização força os estados membros a assumirem maior comprometimento em responsabilizar e punir violações a direitos humanos. A inércia do estado membro do pacto federativo, acarreta no deslocamento de competência.

3. PRESSUPOSTOS
- Com fundamento no Art. 109, §5º da CF88 os requisitos para suscitar deslocamento de competência da Justiça Comum para a Justiça Federal são: Grave Violação de direitos humanos; Assegurar o cumprimento das obrigações decorrentes de tratados internacionais; Incapacidade do estado membro de promover a ação e o seu julgamento de forma satisfatória.
- Deve ficar esclarecido que esses requisitos são acumulativos, devendo ser mostrado no pedido de deslocamento.

a)       Grave Violação de direitos humanos
- O termo “grave violação” gera um grau de subjetividade.
- A objetividade para o termo é resolvida, em caso de crimes, com base na pena.
- Tendo como base o Código Penal brasileiro, é perceptível que as infrações com pena menor que quatro anos não podem ser entendida como sendo graves;
- O mesmo entendimento deve ser aplicado a Contraversão penal, pois é uma infração de menor potencial ofensivo, logo não pode ser interpretada com “grave violação”;
- Essa objetividade para “grave violação” encontra também respaldo no Art. 2º “b” da Convenção das Nações Unidas contra Crime Organizado Transnacional, ratificada pelo Brasil em 2000 que explicita:

Artigo 2º - Para efeitos da presente Convenção, entende-se por:
b) "Infração grave" - ato que constitua infração punível com uma pena de privação de liberdade, cujo máximo não seja inferior a quatro anos ou com pena superior;

- Em inquéritos e processos cíveis a grave violação só pode ser mostrada mediante analise de cada caso.

b)      Assegurar o cumprimento das obrigações decorrentes de tratados internacionais
- Não existe na Constituição quais os tratados, situação que deixa em aberto a todos os tratados que o Brasil ratificar;
- Sendo assim o instituto da federalização, pode ser aplicado aos novos direitos.

c)       Incapacidade do estado membro de promover a ação e o seu julgamento de forma satisfatória
- Se o estado membro estiver dando prosseguimento, não há de se falar em deslocamento de competência;
- Só se aplica o instituto da federalização, caso seja analisado diante do caso concreto, a ineficiência do estado membro em responsabilizar e punir o agente violador de direitos humanos.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

- Os sistemas Regionais de proteção dos DH são:
  1. Europeu;
  2. Africano; e
  3. Interamericano.
Atenção: Não listei em ordem cronológica e sim numa organização didática, pois se assim fosse ficaria: Europeu; Interamericano e Africano.

- Esses sistemas já são estruturados e em funcionamento. Dotados de um tribunal regional de proteção capaz e de condenar Estados por violações de direitos humanos;
- O Sistema regional mais antigo é o Europeu.
- Os Sistemas regionais foram criados de acordo com o Art. 1º, §3° da Carta da ONU de 1945 que elenca os objetivos.

1. Sistema Regional Europeu
- Dos sistemas regionais existente, o Sistema Europeu é o mais consolidado e amadurecido e exercer influencia sobre os demais;
- Foi criado a partir da aprovação da Convenção Européia de Direitos Humanos em 1950;
- Foi criado em conseqüência da memória recente do ocorrido na 2ª guerra mundial com finalidade de estabelecer parâmetros protetivos mínimos atinentes à dignidade humana.
- Finda a 2ª guerra mundial os países europeus (Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Reino Unido e Suécia), reuniram-se em Londres em 1949 para fundar um Conselho da Europa.
- O Estatuto do Conselho continha referencias vagas sobre o tema dos direitos humanos, sem qualquer refinamento ou precisão de conteúdo.
- A Convenção Européia de Direitos Humanos foi uma tentativa de se criar mecanismos concretos em matéria de DH.

OBS: Hoje o Conselho integra 47 países-membros, composto dos Ministros da Justiça dos países dele integrantes com sede em Estrasburgo (França).

1.1- A Convenção Européia de Direitos Humanos
- É tecnicamente chamado de “Convenção Européia para a Proteção dos DH e das Liberdades Fundamentais”, concluída em 04 de novembro de 1950 em Roma.
- É o tratado regente do sistema regional europeu de proteção dos DH.
- Entrou em vigor em 03 de setembro de 1953 quando dez Estados Europeus a ratificaram, tal como exige o seu atual Art. 59, §3º.
- O texto da Convenção hoje é aplicável a 47 Estados do Conselho da Europa.

a) Objetivo
- Encontra-se no Art. 1º da Convenção : Estabelecer padrões mínimos de proteção naquele continente, institucionalizando um compromisso dos Estados-partes de não adotarem disposições de Direito interno contrárias às normas da Convenção, bem assim de estarem aptos a sofrer demandas na Corte Européia de Direitos Humanos, caso desrespeitem as normas do tratado em relação a quaisquer pessoas sob sua jurisdição.

domingo, 10 de novembro de 2013

PRECEDENTES HISTÓRICOS DO PROCESSO GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

São três os precedentes históricos do processo global de proteção dos Direitos Humanos.
  • Direito Internacional Humanitário (DIH)
  • Organização Internacional do Trabalho (OIT)
  • Liga das Nações


- Trata-se do conjunto de regras que protege pessoas em tempos de conflitos armados;
- O DIH levou a sociedade internacional a consagrar certos princípios mínimos éticos que devem ser seguidos pelos Estados na relação internacional mesmo em tempo de guerra;
- É composto pelas leis das Convenção de Haia (restrição dos direito do combatente – proteção ao combatente) e Convenções de Genebra (proteção dos direitos dos não combatentes);
- Síntese das convenções:
  • Países em guerra não podem utilizar armas químicas uns contra os outros.
  • O uso de balas explosivas ou de material que cause sofrimento desnecessário nas vítimas é proibido.
  • Prisioneiros de guerra devem ser tratados com humanidade e protegidos da violência. Não podem ser espancados ou utilizados com interesses propagandistas.
  • Prisioneiros de guerra devem fornecer seu nome legítimo e patente. Aquele que mentir pode perder sua proteção.
  • As nações devem identificar os mortos e feridos e informar seus familiares.
  • É proibido matar alguém que tenha se rendido.
  • Nas áreas de batalha, devem existir zonas demarcadas para onde os doentes e feridos possam ser transferidos e tratados.
  • Proteção especial contra ataques será garantida aos hospitais civis marcados com a cruz vermelha.
  • É permitida a passagem livre de medicamentos.
  • Tripulantes de navios afundados pelo adversário devem ser resgatados e levados para terra firme com segurança.
  • Qualquer exército que tome o controle de um país deve providenciar comida para seus habitantes locais.
  • Ataques a cidades desprotegidas são proibidos.
  • Submarinos não podem afundar navios comerciais ou de passageiros sem antes retirar seus passageiros e tripulação.
  • Um prisioneiro pode ser visitado por um representante de seu país. Eles têm o direito de conversar reservadamente, sem a presença do inimigo.

1.1. Cruz Vermelha Internacional

- A Cruz Vermelha é apresentada como a “guardiã” do direito internacional humanitário;
- A Cruz Vermelha é organização humanitáriaindependente neutra, que busca proporcionar proteção e assistência às vítimas da guerra e de outras situações de violência;
- Tem sua sede em Genebra na Suíça pautada nos princípios fundamentais: (fundamento no Art. 1º do Estatuto da Cruz Vermelha brasileira - Decreto nº 4.948, de 07 de janeiro de 2004).

* Humanidade: Deste principio decorrem os demais. A ação da CV objetiva socorre, sem discriminação, os feridos no campo de batalha e procura evitar e aliviar os sofrimentos dos homens, em todas as circunstâncias;
* Imparcialidade: Não faz nenhuma distinção de nacionalidade, raça, religião, condição social e filiação política;
* Neutralidade: para obter e manter a confiança de todos Estados onde há consentimento recíproco para instalar sede, abstém-se de participar das hostilidades e nunca intervém nas controvérsias de ordem política, racial, religiosa e ideológica;
* Independência: As Sociedades Nacionais, auxiliares dos poderes públicos em suas atividades humanitárias, sujeitas às leis que regem seus respectivos países, devem, no entanto, manter sua autonomia, a fim de poderem agir sempre de acordo com os Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha Internacional.
* Voluntariado: é uma Instituição voluntária de Socorros sem nenhuma finalidade lucrativa;
* Unidade e: Só pode existir uma Sociedade de Cruz Vermelha em cada país. Ela está aberta a todos e exerce sua ação humanitária em todo território do mesmo;
* Universalidade: é uma instituição mundial, na qual todas as Sociedades têm iguais direitos e dividem iguais responsabilidades e deveres, ajudando-se mutuamente (se exprimem através da Federação).



- A Cruz Vermelha é uma entidade de direito privado, caracterizando-se como organização internacional não governamental (ONG), registrada como associação privada regida pelo Art. 60 e seguintes do Código Civil Suíço;
- Sua personalidade jurídica internacional foi reconhecida pela ONU em decorrência de sua missão humanitária firmada por meio de Convenções e relações “diplomáticas” mantida com os Estados e organizações internacionais passando a participar na qualidade de observador permanente (não é membro da ONU);
- A Cruz Vermelha não se enquadra no rol de Organizações Intergovernamental. Nessa categoria incluem-se: a ONU e suas agências especializadas; Interpol; FMI (Fundo Monetário Internacional). O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é Organização não governamental (ONG)
- A Cruz Vermelha busca proporcionar proteção e assistência às vítimas da guerra/ pessoas.



- A Cruz Vermelha Internacional é formada pelo: Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV); Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho; e Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

  • O Comitê é uma organização humanitária cujos corpos dirigentes são de nacionalidade suíça;
  • O órgão supremo da Instituição é um comitê composto por um numero máximo de 25 membros com experiência dos problemas internacionais e uma ligação à causa humanitária;
  • O presidente do conselho é eleito por um mandato de quatro anos renovável. O presidente é o principal responsável pelas relações exteriores. Representa a instituição no âmbito internacional e trata da sua diplomacia humanitária. O atual presidente é Peter Maurer;
  • O CICV tem autonomia para assinar acordos de sede com os Estados, passando a estar sujeito ao regime jurídico interno e com regime de privilégios e imunidades vinculados a Convenção de Viena de 1961.

A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS – A ONU



1. O Surgimento da ONU

a) Em 1945 com o fim da 2ª guerra mundial cria-se a ONU objetivando suceder a Liga das Nações;

b) A proteção dos DH na ordem Internacional nascem com a Carta das Nações Unidas por ser a primeira medida mundial com fim de estabelecer o seguinte preceito "As nações unidas favorecerão a proteção dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua, religião”.

c) Essa máxima é repetida varias vezes no texto da carta da ONU: Ver os Arts. 1º, §3º; 13, “b”; 55, “c”; 68; 76, “c”

d) Foi o primeiro documento a registrar a proteção dos DH e liberdades fundamentais independentemente da diferença;

e) A limitação da carta na ONU está em não definir o que se entende por Direitos Humanos;

f) Não se definiu nessa carta o que se entende por DH e Liberdades fundamentais para todos os povos;

g) Assim a Declaração de 1948 (DUDH) foi o instrumento definidor da lacuna na Carta da ONU sobre a matéria DH e liberdades fundamentais;

h) A DUDH é a interpretação autentica daquilo que se entende por DH e liberdades fundamentais na Carta da ONU.



2. A Organização da ONU



2.1. Propósito da ONU

- O propósito da criação da ONU está descrito no preâmbulo da Carta e no Art. 1º;
- Todo sistema “onusiano” foi estabelecido com base no principio da segurança coletiva mundial, segundo a qual a paz mundial só pode ser alcançada respeitando-se certos parâmetros mínimos de convivência entre os Estados, entre elas a segurança e a proteção dos direitos humanos;


2.2. Os membros da ONU

- A ONU é composta por dois tipos de membros: os originários e os admitidos (eleitos), art. 3º a 6º da Carta das Nações Unidas;
- Os originários são os cinqüenta e um Estados que estiveram presente à Conferencia de São Francisco e ali assinaram a Carta – O Brasil é membro originário;
- Os admitidos são os que ingressaram na instituição após a sua criação (exemplo: Suíça e Timor Leste em 2002);


Obs1: A admissão é aberta a todos os estados, Art. 4º, §1° da Carta;



Obs2: Uma vez admitido, o Estado aderente se submete as obrigações impostas pela Carta.



Obs3. A admissão de qualquer Estado é efetuada por decisão da Assembleia-Geral mediante recomendação do conselho de segurança.



2.3. Órgãos da ONU (síntese)

- A ONU é composta por seis principais órgãos (Art. 7° da Carta): Assembleia-Geral; Conselho de Segurança; Corte Internacional de Justiça; Conselho Econômico e Social; Conselho de Tutela; Secretariado.


a) Assembleia-Geral:

- Órgão principal composto por representantes de todos os Estados-membros.
- A Assembleia representa o maior foro de discussões.
- Tem competência para discutir e fazer recomendações relativamente a qualquer matéria que for objeto da Carta.
- Em matéria de DH forte no Art. 13, §1º, a Assembleia iniciará estudos e fará recomendações destinadas a implementação de DH.


Obs1: A Assembleia se manifesta por meio de resoluções, declarações ou recomendações, de efeito não vinculante aos seus Estados-membros.



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ESTRUTURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS


O Sistema Global de proteção dos DH é formado pelos instrumentos:
  • Carta da ONU de 1945;
  • Declaração Universal dos DH de 1948;
  • Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado pela ONU em 1966 (1ª geração).
  • Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, sociais e culturais, adotado pela ONU em 1966 (2ª geração).



1.      Carta da ONU de 1945
- Trouxe expresso pela primeira vez em documento internacional a expressão “direitos humanos”.
- Sua omissão foi na ausência de uma definição de DH.
- Com a Carta da ONU a proteção dos DH passou a ser regra jurídica universal, deixando de ser meras declarações de princípios.

- A DUDH surgiu com o propósito de dar uma definição com precisão aos DH e liberdades fundamentais a que se refere à Carta da ONU.
- A DUDH fixa um código ético universal na defesa e proteção dos DH, preenche as lacunas da Carta da ONU (direitos mínimos dos seres humanos).

a)   Estrutura da Declaração
- Composta de 30 artigos, precedidos de um “Preâmbulo” com 7 considerações.
- A DUDH tem uma estrutura bipartite: direitos e garantias individuais (art. 3º a 21) e direitos econômicos e culturais (art. 22 a 28).
- A DUDH consagra no art. 30 um princípio de interpretação da Declaração sempre a favor dos direitos e liberdades nela proclamados.
- A DUDH unifica o pensamento liberal com o discurso social ao juntar num mesmo instrumento o valor da liberdade com o valor da igualdade.

b)   Natureza Jurídica da DUDH
- A DUDH foi adotada e proclamada em Paris em 10 de dezembro de 1948 pela Resolução 217 A-III da Assembleia.
- A DUDH é a interpretação mais autentica da expressão direitos humanos e liberdades fundamentais da Carta da ONU. Nesse sentido integra-se a Carta da ONU.
- É um código ético universal (não internacional) de direitos humanos.
- Tem força vinculante aos Estados que compõe o sistema ONU. Os Estados membros têm, assim, a obrigação de promover o respeito e a observância universal dos direitos proclamados pela Declaração.
- A DUDH não pode ser considerado um tratado, pois não passou pelos procedimentos tanto internacionais como internos de celebração de tratados.


3.      Os pactos de Nova York de 1966
- A DUDH contemplou os direitos mínimos a serem garantidos pelos Estados, mas sem trazer em seu texto os instrumentos por meio dos quais se possa vindicar (num tribunal interno ou numa corte internacional) os direitos por ela assegurados.
- A falta de aparato para aplicabilidade da Declaração passou a colocar em xeque sua verdadeira eficácia nos contextos internacional e interna.
- Os pactos de Nova York versam sobre as duas categorias de direitos impressos na Declaração: “direitos civis e políticos” e os “direitos econômicos, sociais e culturais”.
- A finalidade dos pactos foi conferir dimensão técnico-jurídica à DUDH, tendo o primeiro regulamentado os Arts. 1º ao 21 e o segundo os Arts. 22 a 28 da DUDH.
- Esses tratados compõem hoje o núcleo-base da estrutura normativa do sistema global de proteção dos direitos humanos, na medida em que “judicizaram”, sob forma de tratado internacional, os direitos previstos na Declaração.
- Em síntese: A Carta da ONU, a DUDH e os pactos de Nova York formaram a Carta Internacional de Direitos Humanos, instrumento que inaugura “o sistema global de proteção dos DH”.

- O pacto foi aprovado pela Assembleia-Geral da ONU em 16 de dezembro de 1966.
- Atribui obrigatoriedade jurídica à categoria dos direitos civis e políticos versada pela DUDH em sua primeira parte.
- Sua finalidade é proteger e dar instrumentos para que se efetive a proteção dos chamados direitos de primeira geração.
- Seu rol de direitos civis e políticos é mais amplo que o da DUDH, além de mais rigoroso na afirmação da obrigação dos Estados em respeitar os direitos nele consagrados.
- Entre os direitos elencados no pacto destaca-se: o direito a vida como inerente à pessoa humana (art. 6º); o reconhecimento da pena de morte para os delitos mais graves e de conformidade com as leis em vigor; As pessoas privadas de liberdades terão sua dignidade respeitadas (art. 10); liberdade de expressão (art. 19).
- O pacto criou o Comitê de Direitos Humanos para atuar na supervisão e monitoramento dos direitos elencados, Art. 28 a 45.
- Nos termos do art. 40, do Pacto, os Estados Partes, apresentam relatórios ao Comitê onde enunciam as medidas adotadas para tornar efetivas as disposições destes tratados.
- Os relatórios são analisados pelo Comitê e discutidos entre este e representantes do Estado Parte em causa, após o que o Comitê emite as suas observações finais sobre cada relatório: salientando os aspectos positivos bem como os problemas detectados, para os quais recomenda as soluções que lhe pareçam adequadas.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA: ROUSSEAU


DA SERVIDÃO À LIBERDADE


“O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se aprisionado. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como se deve esta transformação? Eu o ignoro: o que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão” - Rousseau.

I – INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE ROUSSEAU
·      Nesse ponto é feio uma abordagem panorâmica sobre a proposta critica de Rousseau com base na essência de seu pensamento.
·      Rousseau é um dos principais pensadores do século das luzes.
·      Ao preconizar a difusão do saber como meio mais eficaz para se pôr fim a superstição, à ignorância, ao império da opinião e do preconceito como contribuição ao progresso do espírito humano, o pensamento de Rousseau se destacou no mundo ocidental.
·      Suas criticas repousam sobre a ciência ao revelar que seu progresso de nada acrescentou na felicidade humana.
- “A ciência que se pratica muito mais por orgulho, pela busca da gloria e da reputação do que por um verdadeiro amor ao saber, não passa de uma caricatura da ciência e sua difusão por divulgadores e compiladores, autores de segunda categoria, só pode contribuir para piorar muito mais as coisas”.
·      Suas criticas as ciências e às artes, contudo não significava uma recusa do que seria a verdadeira ciência.
·      Ao invocar o ideal com forte conotação moral, Rousseau dizia que a verdadeira filosofia é a virtude. Ciência sublime das almas, mas simples, cujos princípios estão gravados em todos os corações e para conhecer suas leis basta voltar-se para si mesmo e ouvir a voz da consciência no silencio das paixões.
- “Uma vez, porém que já quase não mais se encontram homens virtuosos, mas apenas alguns menos corrompidos do que outros, as ciências e as artes, embora tenham contribuído para a corrupção dos costumes, poderão, no entanto, desempenhar um papel importante na sociedade, o de impedir que a corrupção seja maior ainda”.
·      No pensamento de Rousseau não se tem uma apologia a acabar com as academias, universidades, as bibliotecas, os espetáculos, mas utilizar a ciência e a arte como meio de distrair a maldade dos homens e impedi-los de cometer crimes hediondos.
·      Seguindo esse raciocínio, embora todas as ciências e as artes tenham feito mal a sociedade, é essencial hoje servi-se delas, como de um remédio para o mal.
·      Rousseau desenvolve um pensamento critico dentro da filosofia política clássica de temas como: a passagem do estado de natureza ao estado civil; o contrato social; a liberdade civil; o exercício da soberania; a distinção entre o governo e o soberano; o problema da escravidão; o surgimento da propriedade. Essa maneira critica de pensar esses temas, o colocaram em destaque entre os pensadores que inovaram a forma de pensar a política.

II – CURRICULUM DE UM CIDADÃO DE GENEBRA
·      A finalidade aqui é mostrar a biografia do pensador francês.
·      Rousseau deixou trabalhos relacionadas as diversas áreas do conhecimento. Da música a política, passando pela produção de peças de teatro e pelo belíssimo romance que é A nova Heloísa.

III – O PACTO SOCIAL
·      O objetivo com este ponto é fazer uma síntese do pacto social levando em consideração desde o estado de natureza, a formulação de um pacto com finalidade invertida, a desconstituição desse pacto até sua reformulação.
·      A chave do pensamento de Rousseau pode ser entendido no Contrato Social.
- “O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se aprisionado. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como se deve esta transformação? Eu o ignoro: o que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão”.
·      Em “Discurso sobre a origem da desigualdade”, Rousseau apresenta a trajetória do homem, da sua condição de liberdade no estado de natureza, até o surgimento da propriedade, com todos os inconvenientes que daí surgiu.
- “Comecemos por afastar todos os fatos, pois eles não dizem respeito à questão. Não se devem considerar as pesquisas, em que se pode entrar neste assunto, como verdades históricas, mas somente como raciocínios hipotéticos e condicionais, mas apropriados a esclarecer a natureza das coisas do que a mostrar a verdadeira origem e semelhantes àqueles que, todos os dias, fazem nossos físicos sobre a formação do mundo”.
·      O Estado de Natureza
- A concepção de Rousseau sobre o estado de natureza era que os indivíduos vivam isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a Natureza lhes dava, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A divisão entre o meu e o teu, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.
·      O fundamento do Contrato Social
- O Pacto social no pensamento de Rousseau consiste num consenso estabelecido entre pessoas com vista na fundação da sociedade, porque ele é o divisor de águas entre o estado natural e o estado civil.
- Nesse sentido, o pacto é uma forma artificial e convencional de se pactuar um corpo coletivo e público baseado na união de forças e de interesses de diversos indivíduos. A vontade geral, que surge desse pacto, resulta da comunhão de interesses e não da mera somatória de interesses, porque provocaria dispersão.
- O Contrato social estabelecido traça as condições de possibilidade de um pacto legítimo, através do qual os homens, depois de terem perdido sua liberdade natural, ganham em troca, a liberdade civil.
·      Força e Escravidão
- O pensador Frances defende a tese que a inversão do pacto pelos mais ricos, levou a maioria a escravidão e servidão. Alem do homem perder sua liberdade natural, com a inversão da finalidade do pacto, uma minoria rica passou a utilizá-lo em benefício próprio.
- É nesse sentido que o mais forte legitima de maneira inquestionável sua força. Pelo Direito legaliza seu domínio e pelo Dever  impõe a obrigação da obediência. Com isso Rousseau entende que nenhum homem tem autoridade sobre seus semelhantes e que renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos de humanidade e mesmo aos próprios deveres.
·      A Reformulação do Pacto mal feito
- Para denunciar esse pacto iníquo deve o próprio cidadão reformular no âmbito do poder, uma vez que identifica a origem humana do poder. Sendo assim, poderia o homem desfazer uma ordem que não lhe interessa, já que a verdadeira finalidade do pacto social é permitir que os homens reconquistem a liberdade, e assim encontrem uma associação que defenda e proteja as pessoas e bens de cada associado.
- A essência do pacto social deve repousar na alienação total de cada associado com todos os seus direitos a favor de toda a comunidade. A condição basilar da validade do pacto social de Rousseau é a igualdade de todos, pois com o pacto cada um adquire, sobre qualquer outro, exatamente o mesmo direito que lhe cede sobre si mesmo. Cada um ganha, pois, o equivalente de tudo quanto perde, e mais força para conservar o que possui.
- A associação de homens produziria um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros reunidos em assembléia, que passaria a ter uma unidade de desígnios, um “eu comum, vida e vontade” próprios. Esse corpo político seria denominado Estado, enquanto passivo; soberano, enquanto ativo; poder, enquanto comparado aos seus semelhantes.
- Dessa forma Rousseau conclui sobre a legitimidade do pacto ao apontar que um povo só será livre quando tiver todas as condições de elaborar suas leis num clima de igualdade, de tal modo que a obediência a essas leis signifique, na verdade, uma submissão à deliberação de si mesmo e de cada cidadão, como partes do poder soberano. Isto é, uma submissão à vontade geral e não à vontade de um individuo em particular ou de um grupo de individuo.

IV – A VONTADE E A REPRESENTAÇÃO
·      Com este ultimo ponto se tem as discussões sobre quem são os verdadeiros donos do poder. Estes por sua vez em todo o direito de adentrar no poder e requerer que as ações do Estado devem ser direcionadas para atender seus interesses (povo).
·      Rousseau ao repousar sobre a vontade do povo e o poder de representação que é outorgado a líderes, diz que a vontade do povo jamais poderá ser representada. No momento em que um povo se dá por representado, não é mais livre. Todavia com fim de minimizar esse mal, é necessário que os representantes eleitos tenham consciência da essência do contrato firmado aceitando renunciar pleitear interesses pessoais, em prol dos interesses da comunidade, onde inclui o seu.
·      A Soberania para Rousseau está no povo e não no Estado, uma vez que o Estado só exerce a soberania devido o consentimento do povo para atender os interesses do próprio povo.
·      Assim sendo, não basta que tenha havido um momento inicial de legitimidade. É necessário que ela permaneça ou então que se refaça a cada instante.
·      Como remédio para a possível violação das clausulas desse contrato, Rousseau diz que seria conveniente que fossem trocados com certa freqüência os representantes do povo.
·      Ao criticar o modelo absolutista, o pensador diz que não existe uma ação política boa em si mesma em termos absolutos, uma vez que são decisões com base na opinião de um só homem ou de sua família.
·      Desse modo de pensar, Rousseau mostrou a sociedade moderna como sair da servidão e lutar pelo seu bem maior, a liberdade.

FONTE:
WEFFORT, Francisco C. (org). Os clássicos da politica. 5ed. São Paulo-SP: Editora Ática
Por: JONIEL ABREU
E-mail: jonielabreu@hotmail.com

OS CLÁSSICOS DA POLITICA: JOHN LOCKE


O INDIVIDUALISMO LIBERAL


“Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no consenso, de subordinação do poder executivo ao poder legislativo, de um poder limitado, de direito de resitencia, Locke expôs as diretrizes fundamentais do Estado Liberal”
(Norberto Bobbio)
I – AS REVOLUÇÕES INGLESAS
·      É feito uma contextualização das duas principais revoluções inglesas do século XVII.
- Esse século foi marcante, visto que o país atravessou duas tormentas, ou movimentos revolucionários que sacudiram as bases monárquicas. A primeira foi a REVOLUÇÃO PURITANA, de 1640. A segunda foi a REVOLUÇÃO GLORIOSA, de 1688. As duas fazem parte do mesmo processo revolucionário. Essas revoluções protagonizaram uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime, ou forma absolutista de governo. Isso tudo deu base para o pleno desenvolvimento do capitalismo e da revolução industrial do século XVIII. De certa forma esta pode ser considerada a primeira revolução burguesa da Europa.

II – JOHN LOCKE, O INDIVIDUALISMO LIBERAL
·      O ponto em questão faz um resumo biográfico de Locke:
- A apresenta a principal finalidade da obra: “Dois Tratados sobre Governo Civil” que é a literatura política do pensador.
- Ao traçar o perfil político de Locke, ele é apresentado como sendo de formação foi “Liberal”.
- Ao ser apresentado suas produções filosóficas, Locke é considerado o fundador do “empirismo” e criador da teoria “tabula rasa” (trata-se de uma teoria crítica a doutrina das idéias inatas formuladas por Platão e Descartes, segundo a qual as idéias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência)..

III – OS DOIS TRATADOS SOBRE O GOVERNO CIVIL
·      Os “Dois Tratados” escritos por volta de 1679-80, só foram publicados na Inglaterra em 1690, após o triunfo da Revolução Gloriosa.
·      O Primeiro Tratado:
- “É uma refutação do Patriarca, obra em que Robert Filmer defende o direito Divino dos reis com base no principio da autoridade paterna que Adão, supostamente o primeiro pai o primeiro rei legará à sua descendência. De acordo com essa doutrina os monarcas modernos eram descendentes da linhagem de Adão e herdeiros legítimos da autoridade paterna dessa personagem bíblica, a quem Deus outorga o poder real”, p. 84.
·      O Segundo Tratado:
- “Como indica seu título, é um ensaio sobre a origem, extensão e objetivo do governo civil. Nele Locke sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados é a única fonte de poder político legitimo”, p. 84.

IV – O ESTADO DE NATUREZA
·      Assim como Hobbes e Rousseau, Locke é um dos principais representantes do “jusnaturalismo”, isto é, teoria dos direitos naturais.
·      Semelhante a Hobbes, Locke constrói sua teoria política com base no “Estado de Natureza”; “Contrato Social”; e “Estado Civil” (Estado Social).
·      A diferença entre os dois teóricos está em conceber cada um dos termos do trinômio.
·      Quebrando com a teoria aristotélica que a sociedade precede ao individuo, Locke afirma se a existência do individuo anterior ao surgimento da sociedade e do Estado.
·      No Estado de Natureza de Locke, os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-politico, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade.
·      Esse Estado de Natureza para Locke era uma situação real e historicamente determinada pela qual passara, ainda que em épocas diversas, a maior parte da humanidade e na qual se encontravam ainda alguns povos, como as tribos norte-americanas.
·      Para o pensador, no Estado de Natureza os homens viviam em plena paz, concórdia e harmonia.

V – A TEORIA DA PROPRIEDADE
·      Locke utiliza também a noção de propriedade numa segunda acepção que em sentido estrito, significa especificamente a posse de bens móveis ou imóveis.
·      Para Locke a propriedade já existe no estado de natureza e, sendo uma instituição anterior à sociedade, é um direito natural do individuo que não pode ser violado pelo Estado.
·      Para o pensador inglês, “o homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho. Como a terra fora dada por Deus em comum a todos os homens, ao incorporar seu trabalho à matéria bruta que se encontrava em estado natural o homem tornava-a a sua propriedade privada, estabelecendo sobre ela direito próprio do qual estavam excluídos todos os outros homens” p. 85.
·      Sendo, pois a propriedade instituída pelo trabalho, este por sua vez, impunha limitações à propriedade. Inicialmente quando “todo o mundo era como a América”, o limite da propriedade era fixado pela capacidade de trabalho do ser humano. Com o surgimento do dinheiro surgiu o comercio e também uma nova forma de aquisição da propriedade, que além do trabalho poderia ser adquirida pela compra.
·      O uso da moeda levou, finalmente a concentração de riqueza e a distribuição desigual dos bens entre os homens. Esse foi para Locke, o processo que determinou a passagem da propriedade limitada, baseada no trabalho, à propriedade ilimitada, fundada na acumulação possibilitada pelo advento do dinheiro.

VI – O CONTRATO SOCIAL
·      Ao repousar sobre o contrato social, Locke diz que o estado de natureza, relativamente pacífico, não está isento de inconveniências como a violação da propriedade (vida, liberdade e bens) que, na falta de lei estabelecida, de juiz imparcial e de força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os indivíduos singulares em estado de guerra uns contra os outros.
·      O Contrato Social é resultado dessa tentativa dos homens em superar esses inconvenientes, já que o principal objetivo do Contrato é a preservação da propriedade e a proteção da comunidade tanto dos perigos internos quanto das invasões estrangeiras.
·      Em Locke o Contrato Social é um pacto de consentimento em que os homens concordam livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais os direitos que possuíam originalmente no estado de natureza.
·      No estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser humano (vida, liberdade, e bens) estão melhor protegidos sob o amparo de lei, do árbitro e da força comum de um corpo político unitário.

VII – A SOCIEDADE POLITICA OU CIVIL
·      Assim, a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil (Locke não distingue entre ambas) se opera quando, através do contrato social, os indivíduos singulares dão seu consentimento unânimes para a entrada no estado civil.
·      Estabelecido o estado civil, o passo seguinte é a escolha pela comunidade de uma determinada forma de governo.
·      Na escolha do governo, a unanimidade do contrato originário cede lugar ao principio da maioria segundo o qual prevalece a decisão majoritária e, simultaneamente, são respeitados os direitos na minoria.
·      Na concepção de Locke, porém, qualquer que seja a sua forma, todo o governo não possui outra finalidade além da conservação da propriedade.
·      Definida a forma de governo, cabe igualmente a maioria escolhe o poder legislativo, que é definido pelo pensador como sendo o poder supremo.
·      Para Locke, ao Pode Legislativo subordinam-se tanto o poder executivo, confiado ao príncipe, como o poder federativo, encarregado das relações exteriores (guerra, paz, alianças e tratados).
·      Os dois últimos poderes, para Locke, poderia ser exercido pelo mesmo magistrado, situação que jamais poderia acontecer com o poder legislativo.
·      Os principais fundamentos para o estado civil segundo Locke estão: no livre consentimento dos indivíduos para o estabelecimento da sociedade; livre consentimento da comunidade para a formação do governo; a proteção dos direitos de propriedade pelo governo; o controle do executivo pelo legislativo e o controle do governo pela sociedade.

VIII – O DIREITO DE RESISTENCIA
·      Para Locke, quando o executivo e o legislativo passam a violar a lei estabelecida e atenham contra a propriedade, o governo deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal e degenerando em tirania.
·      A tirania é definida por Locke como sendo o exercício do poder para além do direito, visando o interesse próprio e não o bem público ou comum.
·      Sendo marcada a tirania com violação deliberada e sistemática da propriedade (vida, liberdade e bens), colocam o governo em estado de guerra contra a sociedade e os governantes em rebelião contra os governados, é conferido ao povo o legítimo direito de resistência à opressão e a tirania.
·      Nesse sentido Locke diz que ao ser configurado essa guerra imposta pelo governo ao povo, se tem a dissolução do estado civil e o retorno ao estado de natureza, onde esgotadas todas as alternativas de se resolver o impasse, só a força poderá decidir.
·      O direito do povo à resistência é legitimo tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se do domínio de uma nação estrangeira. Nesse sentido Locke reconhece por meio da doutrina da “legitimidade da resistência”, que trata-se do meio utilizado pelo povo para conter, por fim, ao exercício ilegal do poder, quando o povo não tem outro recurso ou a quem apelar para sua proteção.

IX – CONCLUSÃO
·      Locke é considerado o pai do individualismo liberal, ao apresentar em sua teoria política que os direitos naturais como a vida, à liberdade e a propriedade constituem direitos inalienáveis as pessoas individualmente e o Estado tem por função garantir a inviolabilidade desses direitos, pois para isso ele foi constituído mediante o pacto social.

FONTE:
WEFFORT, Francisco C. (org). Os clássicos da politica. 5ed. São Paulo-SP: Editora Ática



Por: JONIEL ABREU
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